quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quatro (ou oito?) porquês completamente aleatórios

No caso de Mateo, ou alguém mais perguntar, já está.

1
Eu gosto de joaninhas porque tenho uma lembrança de infância na qual elas passavam das mãos, delicadas e magras, da minha mãe para o meu braço.
Eu não gosto de sardinha frita porque era o prato de quando as vacas estavam magras.

2
Mateo já viajou à Lima porque eu gostaria muito mesmo de estar lá.
Agora Mateo viaja à Lima porque lá também é o seu lugar.

3
Vejo filmes mesmo quando me contam antes o final, ou um detalhe fundamental, porque penso que uma boa história é sempre uma boa história.
coloquei um aviso sobre isso por aqui porque não quero ser estraga prazer de ninguém.

4
Falo muito porque meu pai também falava e parecia não achar ruim que eu também falasse.
Já falei mais (acredite se quiser) porque algumas pessoas me disseram que eu falava demais e minhas bochechas ainda queimam quando penso nisso.

Todo dia

Mateo hoje me perguntou por que tinha que fazer as coisas sempre da mesma maneira. A pergunta foi uma reação à minha instrução de que, ao chegar da escola, deveria ir direto para o banho. Por ele, a primeira coisa ao chegar seria ver um filme.

Respondi a ele que todos fazemos coisas sempre da mesma maneira, que isso se chama rotina e que ele também tinha uma. Dei alguns exemplos como o fato de eu trabalhar de segunda a sexta e de ir buscá-lo duas vezes por semana na escola. Ilustrei também com a rotina da abuela Dorina, que agora está passando uns dias conosco, mas que quando está em sua casa no Peru tem que cozinhar todos os dias para a família e dar de comer também aos cachorros.

Ele não deixou de ficar com vontade de ver o filme antes de qualquer coisa, mas acho que entendeu o que eu disse. De todo jeito, provavelmente amanhã vai pedir para ver o filme primeiro. E depois de amanhã também. Exatamente como fez inúmeras vezes antes de hoje.

Com 4 anos e meio deve ser difícil aceitar coisas que devem ser feitas sempre da mesma maneira. Talvez ajude se eu disser para ele que com 35 anos também.

domingo, 24 de maio de 2009

Últimos filmes. Em DVD.

Um homem bom (Good, 2008)
John Halder (Viggo Mortensen) é professor de literatura que tem uma esposa neurótica, uma mãe tuberculosa e dois filhos para criar. Um livro seu, no qual defende a eutanásia, cai no gosto do Reich e Halder tem a oportunidade de ascender. A questão é "o que faz as pessoas felizes não pode ser ruim, pode?".

Um bom filme. Gosto do Viggo Mortensen, desde que vi Uma História de Violência. Da vez que vi o Senhor do Anéis só achei ele gato, mas isso é outro departamento. Pois bem, nessa aqui o que me pareceu mais interessante é a relação dele com o amigo judeu psicanalista Maurice (Jason Isaacs). O carinho e a amizade entre eles é evidente, mas a medida que Halder ascende e os judeus caem em desgraça, algo (inevitavelmente?) se quebra entre eles. Fiquei com a sensação que das perdas que Halder sofre com os ganhos que tem, a mais sentida e irreparável é a do amigo.

Vida de Casado (Married Life, 2007)
Harry (Chris Cooper) é casado há vários anos com Pat (Patricia Clarkson), até que conhece a jovem viúva Kay (Rachel McAdams). Harry não tem coragem de enfrentar uma separação e busca uma forma de acabar com o casamento sem que isto machuque Pat. Resolve matá-la. Enquanto isso, seu amigo Richard (Pierce Brosnan), um mulherengo, se encanta por Kay e resolve conquistá-la.

Não sabia muito o que esperar desse filme quando peguei e tive uma bela surpresa. Desde os créditos iniciais gostei do filme. O papel da esposa é muito bom. Ela parece ser a única que está confortável com o que tem: um bom homem como marido e um amante sarado. O modo como o amigo orquestra o melhor final para ele e, pelo que tudo indica, para os demais me lembrou uma velha e boa farsa. Uma amiga que viu o filme disse que ficou sem saber se a moral do filme é "não mate sua esposa que pode ser pior sem ela" ou "o mal do urubu é pensar que o boi está morto". Concordo com ela, mas fiquei mesmo pensando é como duas pessoas podem passar uma vida juntas sem se dar conta de que em algum momento simplesmente uma parou de perceber (de verdade) a outra. Será que é possível identificar esse momento? Assim, com dia, mês e ano? Pior. De que será que ele é feito? Dias? Meses? Anos?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Malvadezas. Porque nem só de fofurices vivem as mamães.

Há uns três anos, uma ex-companheira de trabalho, Ludmila, querida como ela só, a quem eu inclusive chamava de Flor, me apresentou o maravilhoso mundo dos quadrinhos de André Dhamer. Nunca fuçei a vida dele prá saber quantos anos tem, o que estudou, estado civil, suas cinco músicas favoritas ou coisa que o valha. Só sei que ele pinta também (já vi umas coisas bem bonitas por lá) e tem um senso de humor que eu aprecio muitíssimo.
O cara não se importa com o políticamente correto e tem nos Malvadinhos que estão sempre no canto direito superior de suas tirinhas umas frases (talvez aforismas, se eu tivesse certeza absoluta do significado exato da palvra) que eu acho o máximo.



Convido a todos a explorar. Tem o tirano Rei Emir Saad, o Monstro de Zazanov; a aldeia de sequelados Los Locos e os deprês Ulisses e Sarinha. Confira: www.malvados.com.br

terça-feira, 12 de maio de 2009

Bebês podem levar suas mamães ao cinema - Cinematerna

Quando eu estava grávida do Mateo, lá se vão cinco anos, uma amiga americana me emprestou o livro What to expect when you're expecting (tem edição da Record em português - O que esperar quando você está esperando). Entre um monte de informação bacana sobre o que acontece mês a mês, parto, pós-parto e algumas coisas que talvez impressionem mamães muito pilhadas, encontrei uma parte com sugestões sobre lazer com o bebê nos primeiros meses. Dentre todas, a que me agradou mais e, infelizmente, ao mesmo tempo me deixou frustradíssima, foi a que recomendava sessões de cinema especiais para mamães e bebês. Lá em Campo Grande-MS não tinha disso não. E naquele então, tampouco em outra cidade qualquer do Brasil.
Eis que há algumas semanas, tomo conhecimento de que aqui no Rio desde abril, semanalmente às quintas no Unibanco Arteplex Botafogo, às 14 horas, acontecem sessões para mamães e bebês de até 18 meses. Papais e acompanhantes também são bem-vindos, é claro. Trata-se do projeto CineMaterna que depois de um ano rolando em São Paulo, chegou à Cidade Maravilhosa. Agora em maio, começou em Campinas.
Os filmes são escolhidos pelo público, por votação, no site do projeto. Depois do filme tem bate-papo sobre maternidade.
Ai, ai... Fiquei pensando na minha licença-maternidade e no tempo que passou até que eu pudesse pisar numa sala de cinema de novo, depois que o Mateo nasceu. Ele tinha mais ou menos 1 ano, morávamos em Lima e consegui escapar uma noite com amigos para ver A History of Violence, do Cronenberg, com o Viggo Mortensen. Aqui no Brasil , Marcas da Violência.
Que fique claro que com meu filhote sempre curti a beça. Mas teria sido realmente especial pegar um cineminha juntos nesse esquema, combinando pipoca e mamá de peito.