segunda-feira, 29 de março de 2010

Últimos filmes

Lá vai uma listinha, sem maiores comentários. Apenas o que eu acho essencial dizer de cada um. Faz um tempo que não falo de filmes. Por que? Minha vida está uma novela. E eu espero sinceramente dar meu depoimento de superação qualquer dia desses. ;0)

# Em DVD #
- O Desinformante (The Informant, Steven Soderbergh, 2009 ) - Baseado em uma história real de um alto executivo picareta e amalucado que acaba virando informante numa investigação do FBI. Matt Damon está ótimo! A música dá um toque a parte.Dei boas risadas.

- Há tanto tempo que te amo (Il y a Longtemps que je T'Aime, Philippe Claudel, 2008) - Drama sobre ex-presidiária que volta ao convívio familiar. No caso, ao lar da irmã mais nova com a qual perdeu completamente o contato durante os anos na prisão, mas com quem já teve uma ligação profunda. A motivação para o crime que cometeu, revelada ao final, a redime (ou não), é claro, mas até lá, o sofrimento nos olhos de Kristin Scott Thomas é o suficiente para fazer nascer algo de compaixão pela personagem. A cena dela colocando a sobrinha prá dormir me pareceu especialmente tocante. Demorei prá ver o filme por medo de ficar mal depois. Não é um filme light.

- Distrito 9 (District 9, Neill Blomkamp, 2009) - Excelente! Vale cada minuto e o estilo documentário foi utilizado com muita propriedade pelo diretor. Sharlto Copley, no papel do bobalhão Wikus Van De Merwe, manda muito bem.


# No cinema #
- Avatar (James Cameron, 2009) - Uma grande bobagem! A tecnologia é tudo de bom, mas de resto não sobra nada. Achei breguinha aquele visual néon das cenas noturnas e me lembrei daquele pedaço da música "nosso apartamento, um pedaço de Saigon"... Cruzes! haha

- O Segredo de Seus Olhos (El Secreto de sus Ojos, Juan José Campanella, 2009) - Os argentinos, pelo menos os porteños, têm fama de serem metidos a besta... Depois desse filme não vai dar prá deixar de colocar banca. E não é por causa do Oscar, não. É por causa da arte do bom e velho cinema, com começo, meio e fim, e uma história bem dirigida. Deu uma dor de cotovelo ver o filme. Por que nosotros não fazemos um filme assim? Fiquei de cara com o Guillermo Francella, comediante popular famoso por encarnar o típico "chanta", que está simplesmente maravilhoso no papel de bebum e boa praça. Quando morei no Peru me divertia muito vendo um programa velho dele chamado "Poné a Francella".

Mais depois... Me animei e passou da hora.

terça-feira, 23 de março de 2010

nuts

queria livrar-se dos merdelhumes(*) da alma como fizera com os cacarecos da estante. não podia. forçava sua saída, mas se agarravam e faziam sangrar suas entranhas.

um dia conseguiu. ao vê-los boiar contra a louça rosa percebeu que não se tratava de eliminá-los. seria como mal lavar. borrando sem limpar.

se deu conta de que aquilo a constituía.

sem nojo, seus olhos delimitaram contornos. as pontas dos dedos conferiram texturas e com a palma da mão direita decifrou seu peso.

sem pena, comeu-os de volta. um por um.

ergueu-se e caminhou até a sala. arrematou com um porto.

foi se deitar sem lavar os dentes.

# # # # # # # # #

Corrigido - (*) Ouvi a palavra merdelhumes de uma mulher querida. ela me disse que a mãe de uma amiga sua de São Paulo - uma mulher incrível, arquiteta auto-didata, romena de nascimento e refugiada de guerra - usava essa palavra para "coisas inúteis em geral, aquelas que não farão falta jamais, mas que todo mundo tem alguma ou muitas".... Pensava quando escrevi que eram comidinhas e lanchinhos, com o mesmo sentido que meu pai usava a palavra besteiras. Não era, mas acho que ficou bem contado.

domingo, 21 de março de 2010

reality vida # 7

comunicadora de ONG, 36 anos recém-completos, coisa e tal, sob o efeito de Bob Esponja (o filme!), um comprido de tandrilax e colheradas de dulce de leche La Serenissima completa parte do trabalho que trouxe para casa. começo da noite, aquela mistura dominical de tédio e ansiedade fecha um final de semana que foi bem bom. comida baiana das boas na casa de gente querida, primeiros passos de um bebê em minha direção, Mateo feliz e namorado prá acompanhar. está na hora de ver a cara da rua e deixar o domingo terminar.

o moleque acabou de chegar

quando ele vai, é sempre saudade
quando ele volta, é sempre novidade
e ao mesmo tempo
o mesmo de sempre
meu

"ô ô ô e á/o moleque acabou de chegar
ô ô ô e á/nessa cama é que eu quero sonhar
ô ô ô e á/amanhã bato a perna no mundo
ô ô ô e á/é que o mundo é que é meu lugar"
(gonzaquinha)




quarta-feira, 10 de março de 2010

uma conclusão

tenho um blog auto-suficiente!
eu mesma escrevo, eu mesma visito
e gosto do que vejo por aqui.

nesta data querida

me dá parabéns que eu gosto
gosto da festa
e da alegria açucarada
desse momento

gosto que me queiram bem
e me desejem o melhor
hoje e sempre

e os presentes
ah, os presentes

gosto de confiar
nos meus pedidos
e soprar prá longe
o tempo que resta
desde o dia
em que nasci

sábado, 6 de março de 2010

Vínculo ético com o futuro ou porquê vou votar em Marina Silva

Quem tem um filho já estabeleceu um vínculo com o futuro. Mesmo que não faça nada a respeito, se tudo correr normalmente, seus genes farão parte da humanidade por, pelo menos, mais uma geração. Se você é do tipo que faz, ou seja, exerce sua maternidade ou paternidade, sabe que a gente não se contenta em ter garantido a continuidade da espécie. A gente se preocupa em dar todo o amor do mundo, com a educação em casa e na escola, com a alimentação e a saúde, e com tantas outras coisas que a gente acredita são fundamentais para garantir o melhor futuro para os nossos filhos e filhas. É um vínculo essencialmente amoroso com o futuro.

Desde que Mateo nasceu eu me sinto conectada com o futuro e responsável pelo SEU futuro. Eu tenho alguma consciência de que não posso garantir 100% do que quer que eu projete ou sonhe para ele. Mas vivendo novamente no Rio, voltamos há quatro anos para a cidade onde eu nasci, sinto o futuro ameaçadíssimo pelo presente violado e violento de milhares de crianças.

Quando eu desvio meu olhar medroso de crianças que perambulam pelas ruas, ou disseco imagens de meninos com “arminhas” de madeira na tela do computador, eu me pergunto onde estão seus pais e mães. Eu fico indignada com a ausência do poder público. Eu converso depois com meus amigos. Eu choro sozinha olhando meu filho. Há algum tempo eu penso que não basta ele ser amado, educado, bem alimentado e saudável. Os filhos dos outros também merecem tudo isso.

Essa conclusão não me levou muito longe até agora, mas ontem eu experimentei algo diferente. Eu ouvi a senadora Marina Silva falando sobre como precisamos estabelecer um vínculo ético com o futuro. O tema de fundo era outro, mas ela mencionou o fato de crianças terem traficantes como ídolos e armas como objetos de desejo numa fala sobre mudanças que precisamos fazer em nossos padrões de consumo e o quanto contextos e valores afetam nossos desejos e escolhas.

Antes que alguém me chame de ingênua, declaro que sei que ela está em campanha e que, sendo assim, as mazelas do Rio muito provavelmente estavam em sua pauta como parte da visita à cidade. Não foi uma mensagem especial para mim, mas tocando no assunto ela mais do que garantiu um voto que já seria seu.

A senadora me ajudou a entender que mais do meu vínculo amoroso com seu futuro, Mateo precisa de meu vínculo ético com o futuro das outras crianças. Mateo e todas as nossas crianças precisam ter assegurados seus direitos.

Parte do meu vínculo com o futuro será, é claro, votar em Marina Silva para presidente e incentivar a todos que conheço que façam o mesmo. Não importa quanto de chance a candidatura tem. Eleição não é corrida de cavalo nem loteria. Ganha quem tem mais voto. E se a Marina Silva ganha, o futuro ganha.

Leia o artigo Só Marina é futuro, de José Eli da Veiga.