terça-feira, 23 de junho de 2009

Últimos filmes. No cinema.

No comecinho de junho, voltei ao cinema depois de quase um mês. Que saudades! Nada como estar sentadinha no escuro, desligada de tudo, ainda que uma coisa ou outra possa me distrair da história e me levar prá loooonge ou bem prá dentro de mim... Mas isso já é outro papo.

A volta foi com "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei". Ontem (segunda) aproveitei para ver "A festa da menina morta". Mas vou aproveitar o post para listar "Sinédoque, Nova Iorque" e "O Lutador" que vi em maio. Listar mesmo, que não estou com palpite para escrever muito sobre os dois últimos. Também não vou colocar a sinopse dos filmes dessa vez. Preguiça pouca é bobagem no inverno carioca...

"Simonal - Ninguém sabe o duro que dei" (2009). Não tinha a dimensão do talento do Simonal até ver o documentário e não conhecia sua história de sucesso. Uns dias antes de assitir ao filme me lembrei de ter escutado na universidade, não sei de quem, que ele havia entregado gente para os militares na época da ditadura... Ao ver o filme me deu vontade de acender uma vela para Nossa Santa Ignorância, pois a coitada deve ter ficado ofendida com essa correção da história. Cretinices e intransigências a parte, e o contexto histórico como o filme mostra muito bem, o ostracismo ao qual Simonal foi condendo foi o resultado de não pertencer a turma nenhuma. Pensei no termo outsider para definí-lo, mas aí está mais um que não sei como usar direito... No mais, o documentário me pareceu uma boa aula de jornalismo com sequências musicais muito bem escolhidas. Detalhe que me chamou atenção e causou certa irritação (adoraria saber se alguém mais sentiu semelhante incômodo) foi o merchandising feito pelo Jaguar com aquela garrafa de cachaça (enquanto tomava cerveja!) na mesa de sua entrevista. Confesso que não engoli.

"A festa da menina morta" (2008). Adoooro o Matheus Nachtergaele e por isso fui ver o filme. Os atores Jackson Antunes e Daniel de Oliveira são excelentes e conseguem tornar mais do que pertubadoras as cenas de pai e filho que são marido e mulher. O Brasil profundo que está ali na tela num recorte amazônico tem dessas coisas e outras que o diretor mostra muito bem em seu filme. Muito bonita a sequência do break/street dance no meio da festa da menina. Só não curti as sequências que parecem querer situar o expectador na paisagem e acho que isso força a barra. Sem contar que espicha o filme. "Amarelo manga", no qual Matheus Nachtergaele atua, também tem dessas cenas...

"Sinédoque, Nova Iorque" (2008). Gostei, mas acho que o Charlie Kaufman errou a mão. Me deu um pouco de soninho lá pelas tantas. Philip Seymour Hoffman como sempre muito bem. Ponto para a Samantha Morton, que eu sempre acho o máximo.

"O Lutador"(2008). Gostei. Gostei mesmo. Algumas cenas de luta são bem bizarras e houve momentos em que tapei os olhos. Mas o filme com certeza é mais do que isso. O papel da dançarina de boate faz um ótimo contra-ponto ao do lutador. Eles ganham a vida com seus corpos e com seus shows, mas ela tem um projeto de vida para a "aposentadoria". Mickey Rourke, pelas razões que todos já falaram, está perfeito no filme.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um Power Ranger em minha vida

Depois de uma boa fase encantado pelo Batman, sem nunca ter visto um filme ou desenho do morcegoso herói, Mateo há uns três meses não quer saber de outra coisa além do Power Rangers.

Numa de suas visitas ao pai, seu amiguinho peruano Amaro lhe presenteou um boneco Power Ranger Azul e acho que foi também com ele que Mateo viu pela primeira vez. Não sei se filme ou episódios de uma das muitas temporadas que a série tem... Retornando ao Rio, sucumbi diante de um pedido seu para pegar um filme de PWR na locadora. Pouco depois, a Loulu (minha mãe que ele chama assim) comprou um DVD com episódios num saldão de locadora. Vendo o tal DVD todo dia, meu filhote acabou pirando em ser o PWR Azul.

Foi assim que sucedeu a coisa. Ainda que culpada e temerosa, fui fazendo vista grossa para aqueles modelitos horrorosos, aqueles golpes escalafobéticos e aqueles monstros de cabeça de peixe e pimentão. Algumas vezes tentei limar o DVD da nossa programação, mas não teve jeito.

Atendendo aos pedidos do meu guri, comecei a catar uma fantasia de PWR Azul para ele. Não consegui nada nas Lojas Americanas e nem em outras boas casas que vendem pela internet. Não sei se foi coisa de pós-Carnaval, mas não encontrava a tal roupa...

Frustradíssima, pois a essa altura a questão era minha, rumei um sábado de manhã com Mateo para o Saara. Enfim, encontramos a bendita fantasia. Com máscara. E pistola que vira espada, o que me colocou mais um vez diante da dúvida cruel "arma de brinquedo é a porta de entrada para o mundo da violência e da guerra?". A alegria do menino e o espanto com o preço, quase setenta pratas pelo mimo, me afastaram da elucubração e voltamos para casa satisfeitos.

Segurei a onda do Mateo para sua estréia como Ranger Azul até o dia seguinte,quando teríamos a festa à fantasia de sua amiguinha Maria Hemengarda.

Na luz de um domingo de sol, de banho tomado, de pé em sua cama, Mateo vestiu com minha ajuda sua roupa de PWR Azul. Emocionado, fez um ar solene e me disse: "Mamãe, esse é meu sonho, hein."

Ele tem usado "hein" para reforçar frases. E eu costumo usar as costas das mãos, ou a barra da camisa, para enxugar os olhos todas as vezes que ele diz esse tipo de coisa.