domingo, 28 de fevereiro de 2010

reality vida # 6

comunicadora de ONG, 36 anos no próximo dia 10 e tals, entrega os pontos depois de 1 hora empacada na mesma frase de um roteiro que leva mais de 3 dias escrevendo. que frustração! faltam cerca de seis horas para ver o filho, depois de quase 3 meses... que ansiedade! a TV ligada no BBB. que merda! decide que vai dormir. que sensato!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

saudades de mãe

tendo você já cinco anos, milhares de milhas voadas e faltando apenas seis dias para sua volta, chego à conclusão de que era bem mais fácil esperar por você, quando eu estava esperando você.
tinha muito medo, curiosidade e ansiedade. mas tudo era pinto perto dessa saudade. volta logo, Mateo!
e toda vez que for, aonde quer que for e quando for, volta sempre.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

obrigada, garotas!


Carol, Bia, Erika e Lysa

eu acredito que
por alguma razão,
que não tem nada que ver
com os nossos motivos e escolhas,
coincidimos outra vez
no mesmo lugar do mundo.

e estou gratíssima
porque podemos mais uma vez
disfrutar de tão fina companhia,
aprender das mulheres que somos
e falar com tanta fé
do que ainda queremos ser.
e como se isso ainda fosse pouco, tem o Théo.


Lysa e Théo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A mulher do sapo - Parte I

“- Mulher só não casa com sapo porque não sabe quem é o macho e quem é a fêmea.”

A frase em tom de veredicto seguida pela gargalhada franca que a arrematou havia sido dita pelo homem da mesa ao lado, à mulher que o acompanhava. Saiu do estado de concentração com que catava os brotos de feijão de sua salada. Malditos brotos! Deixavam um gosto metálico em sua boca, que relaxara e agora sorria discretamente.

Não chegou a ver quando o casal deixou o restaurante. Continuava separando brotos de pedaços de alface, cenoura, tomate e sementes de girassol. Seguia pensando que aquele cara não sabia que beijar sapos em busca de príncipes voltara à moda.

Os homens andavam tão raros em quantidade, e principalmente em seus modos, que princesas não tiveram outra opção que lançar mão do costume milenar aprendido diretamente dos contos de fadas. E como os tempos eram outros e a democracia reinava em praticamente todas as partes, ou pelo menos se acreditavam nisso também, as plebéias também tinham direito a tentar a sorte. Do mesmo modo, aqueles plebeus vítimas do terrível feitiço também tinham sua oportunidade de virar novamente seres humanos.

Parece que o sujeito não estava mesmo bem-infomado. Atualmente se casavam e viviam felizes para sempre (ou não) princesas e príncipes, plebéias e plebeus, princesas e plebeus e plebéias e príncipes. Sendo que os dois últimos casos, os de consórcio entre classes, eram menos freqüentes e havia quem afirmava que eram mais suscetíveis a um final infeliz.

(Cena do filme "A princesa e o sapo", 2009)

Ela mesma conhecia mulheres maduras, adultas e mocinhas, que andavam a beijar sapos em laguinhos, córregos e outros recantos úmidos da cidade em noites de pouca lua. Lua cheia não favorecia a atividade, pois facilitava a vida dos predadores dos pobres animais que, como não eram burros nem nada, evitavam sair de suas casinhas quando tamanho holofote brilhava lá no céu.

Fontes fidedignas já haviam lhe contado meia dúzia de “cases de sucesso”, leia-se “casamento”.

Ultimamente ela sentia vontade de provar. Evoluíra do asco absoluto a um nojo que considerava ser capaz de administrar. Animavam-lhe não só os relatos e o empenho de amigas e conhecidas, mas a constatação de que já havia suportado (fisicamente!) coisas semelhantes ou até piores como: línguas no ouvido que sequer provaram seu nome, mãos de mijões de calçadas e cabelos ensebadinhos.

Sem contar outros suplícios, de natureza mais sutil, como beijos cinematográficos bem no meio do filme, e escrotidões definitivas como comentários racistas e homofóbicos ou grosserias com atendentes justificadas por “o cliente tem sempre razão”.

Espetou o último pedacinho de tomate e lambuzou com o caldinho de maionese de soja e azeite de oliva que fazia poça no prato. Sorriu grande para o ventilador na quina da parede. Levantou-se, pagou a conta e saiu decidida a experimentar.

(Continua.)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

vestida de gente

o carnaval na esquina
e uma tiara de preocupações
lhe adornava a cabeça
levava o traje sufocante do verão
arrematado por um nó na garganta
tinha pés calçados de líquido
ao final de cada dia
sorrindo para si mesma
ela não estava para fantasias

reality vida # 5

comunicadora de ONG, 35 anos e tals, depois de 9 noites dormindo no fresquinho de um split no apê de temporada em Buenos Aires realiza o sonho do ar-condicionado próprio. afinal, as compras a prestação estão aí prá isso mesmo. a instalação foi cortesia do namorado. o filhote parece que não volta nunca (exagero de mãe! dia 28 ele chega...) e malhar que é bom, por enquanto, nada.
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momento utilidade pública: sem conseguir que lhe dessem um passaporte de emergência no Galeão, ela rumou para o Rio Poupa Tempo no Shopping Grande Rio em São João de Meriti. não foi rapidinho, mas o atendimento foi ótimo. era uma sexta-feira. a identidade estava pronta na terça.